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DOMINÂNCIA BRASILEIRA NA BASE

 

Neste último sábado, dia 28/03, a seleção masculina júnior de handebol do Brasil sagrou-se campeã pan-americana em Foz do Iguaçu, repetindo o feito alcançado no pan-americano de Buenos Aires em 2013.

No masculino, o Brasil é o atual campeão pan-americano nas categorias juvenil e júnior, além de ser atual bicampeão sul-americano na categoria cadete (não há campeonato pan-americano nesta categoria), representado pelo time do Pinheiros (o Brasil não forma seleções na categoria cadete e envia clubes para representar o país nestes torneios). Todos estes títulos foram alcançados frente à Argentina, em jogos pouco problemáticos para o Brasil. Este cenário nos coloca uma questão: quais são as causas dessa dominância brasileira recente nas categorias de base?

A resposta para esta pergunta parece clara: a causa principal é a realização dos famosos acampamentos nacionais da CBHb, a cargo de Jordi Ribera, onde ocorre a seleção de talentos com potencial físico e técnico, aos quais são passados fundamentos técnicos e táticos que depois são reforçados e lapidados nas fases de treinamento posteriores.

No entanto, as fases de treinamento, apesar de serem importantes, não são o diferencial entre Brasil e Argentina, já que na Argentina as seleções são praticamente permanentes e podemos dizer que eles treinam suas seleções por muito mais tempo que treinamos as nossas. Parece que aquilo que tem sido determinante é a detecção de talentos por todo o Brasil e o acompanhamento de sua evolução técnica individual. Em comparação recente com os argentinos, os jogadores brasileiros não são apenas maiores e mais fortes fisicamente, são também mais desenvolvidos tecnicamente.

Um sinal claro de que o Brasil tem selecionado atletas com qualidade e em quantidade está na seguinte anedota. Conforme comentado anteriormente, o Pinheiros foi campeão sul-americano cadete em 2013 enfrentando as seleções de outros países, fato que se repetiu em 2014. Em 2013, venceu a seleção Argentina na “final” (a fórmula de disputa foi todos contra todos) por 35×23. Pois bem, daquele time cadete do Pinheiros de 2013 apenas dois jogadores têm sido convocados para a seleção juvenil que vai disputar o Pan da categoria no final de março, Henrique Solenta e Pedro Pacheco (há um terceiro jogador daquele time, Gabriel Jung, que apesar de ainda ser juvenil foi campeão pan-americano júnior agora em 2015).

Por fim, o sucesso de nossas seleções de base nos coloca uma outra questão que penso ser fundamental: conseguirão os nossos campeonatos internos crescer o suficiente para absorver todos estes novos jogadores em um regime de dedicação profissional ao handebol?